EMBOLIZAÇÃO DE MIOMATOSE UTERINA

O surgimento da embolização aplicada aos miomas uterinos nos trouxe uma nova perspectiva no tratamento desta doença. Até então, o tratamento dos miomas sempre foi limitado a histerectomia (cirurgia de retirada do útero) ou a miomectomia (cirurgia de retirada dos miomas), deixando tanto a mulher, quanto o próprio médico, sem alternativas. Além disso, principalmente na histerectomia, o tratamento sempre foi bastante traumático. A retirada do útero envolve questões muitas vezes ignoradas por todos nós. Questões pessoais, sexuais, familiares, culturais e sócio-econômicas sempre devem ser consideradas. Hoje em dia, as funções das mulheres na sociedade e sua influência sobre a economia tem sido cada vez mais marcante, fazendo com que as mulheres, muitas vezes, sejam responsáveis por grande fatia da renda familiar. As cirurgias radicais, onde o tempo de recuperação é prolongado, afastam a mulher por longos períodos de suas atividades, não atendendo mais as necessidades da mulher contemporânea.
Há mais de dez anos a embolização de miomas é realizada em todo o mundo, e tem se mostrado um tratamento extremamente seguro e eficaz. Mas, vale ressaltar, que a embolização, assim como todos os tratamentos que até hoje surgiram, não é a única solução para todos os casos. A embolização é apenas mais uma ferramenta que deve integrar todo o nosso arsenal contra os miomas. Ela deve ser utilizada com critérios, em indicações precisas e por equipes afeitas a esta técnica.
O sucesso do resultado da embolização dos miomas uterinos está diretamente relacionado a todo processo de investigação, diagnóstico, indicação do procedimento e acompanhamento pós-embolização. Pela complexidade do assunto, acredito que este processo, quando realizado por equipes compostas por ginecologistas especializados em miomas uterinos, minimiza qualquer probabilidade de insucesso do tratamento. O procedimento em si é realizado pelo radiologista intervencionista que também deve ser afeito a embolização dos miomas. A interação entre o ginecologista e o radiologista intervencionista deve ser perfeita, para que assim o tratamento seja individualizado para cada caso, visto que o procedimento tem abordagens diferentes de acordo com os sintomas, a idade, o desejo de gravidez, o tamanho e localização dos miomas.
O procedimento:
A essência da embolização está na interrupção do fluxo sanguíneo arterial para os miomas. Com isso, promovemos um infarto dos miomas, que entram em um processo lento e gradual de degeneração. Esta degeneração leva, por sua vez, à redução do volume dos miomas e, principalmente, dos sintomas provocados por eles.
Estudos indicam que a redução do volume dos miomas pode chegar até 70% e a melhora dos sintomas hemorrágicos ocorre em até 98% dos casos. A embolização dos miomas é realizada por via endovascular, sem cortes ou incisões, guiado por um equipamento de radiologia digital. Realizamos uma punção da artéria femoral, geralmente à direita, que se localiza na região da virilha. Através desta punção introduzimos um fino cateter que será conduzido por via endovascular até a artéria uterina. Na artéria uterina injetamos partículas esféricas microscópicas que serão conduzidas pelo fluxo até a microcirculação dos miomas. Ali estas microesferas se depositam, interrompendo o fluxo sanguíneo para os miomas uterinos.
A embolização é um procedimento relativamente simples, que dura, em média 40 minutos a uma hora. Preconizamos a realização do procedimento sob raquianestesia, considerada a mais segura e eficaz, pois além de conferir uma anestesia no momento do procedimento, também proporciona uma analgesia extremamente eficaz durante, pelo menos, as primeiras 24 horas pós-embolização. Por ser um procedimento minimamente invasivo, na embolização de miomas o tempo de internação hospitalar é bastante reduzido (em torno de 24 horas), o retorno às atividades de trabalho e exercícios físicos ocorre em até uma semana e a incidência de complicações é relativamente menor do que na histerectomia.